terça-feira, 24 de julho de 2012


Resumo Monografia de São Jerônimo de Dr. Alfredo Simch
Norma Denise Macedo de Paula
Este livro me foi emprestado pela proprietária de um dos três exemplares existentes, senhora Nilta Collovini Goulart.
Trata-se da monografia do Dr. Simch sobre os fatos históricos do Município de São Jerônimo, onde a Vila Arroio dos Ratos era distrito.
Ele foi doado pelo próprio escritor ao Sr. Osvaldo Collovini. Por não ter noção da importância do mesmo, as netas pegaram o livro para brincar. Certo dia o Sr. Madruga, um cidadão coligado aos museus do Brasil, em visita à cidade de Arroio dos Ratos, pediu o livro emprestado e levou para a cidade do Rio de Janeiro onde reconstituiu as páginas que faltavam e enviou pelo Correio para a família o livro com uma dedicatória.
No trabalho de monografia o autor relata todo um histórico geográfico, geológico, oro-potamográfico, agrológico, econômico e social sobre a região carbonífera, em especial sobre os dados do 4º distrito, município de São Jerônimo. Neste momento é que faço deste um resumo desta obra tão primorosa para os moradores da região, bem como aos pesquisadores.
O geólogo White coordenou o estudo feito para a criação do mapa da bacia carbonífera (Paleozóico Permo Carbonífero).
O arroio dos ratos, então pertencente a São Jerônimo fazia limite à Leste do município; até 20 km da sua foz recebe as águas do Ibacarú, com o Eldorado do Sul (na época município de Guaíba). Depois do Jacuí, é considerado o maior volume de água de são Jerônimo (hoje São Jerônimo, Arroio dos ratos, Butiá, Barão do Triunfo, Charqueadas, Minas do Leão). Nasce na Serra do Herval com duas vertentes e desce rumo ao norte até ¼ do seu curso, depois se inclina ao Leste. O arroio dos cachorros é seu maior afluente.
Descreve a via fluvial de Porto alegre (saída da Rua da Praia) ao porto de Barão do Triunfo, onde circulava uma vez ao dia, ida e volta o barco de lotação de moradores, visitantes e imigrantes da região.
Na Vila de Arroio dos Ratos, por volta do ano de 1943, havia 6.600 habitantes e 1.500 residências, era intitulado “Quadro da Mina” pelas terras serem de propriedade de sucessivas empresas de exploração de carvão.
As moradias em décadas passadas a data de publicação deste livro eram sem critérios urbanísticos. As casas confortáveis eram para os engenheiros e auxiliares de categoria. Os afrodescendentes eram acomodados em ranchos com casas de barro cobertas com santa-fé. As residências dos operários mineiros imigrantes eram repúblicas, várias casas geminadas (solteiros), os casais eram em casa geminadas de duas a duas com pátio.
O regime era de feudalismo instituído pelo poder da Companhia de Mineração. A companhia detém o poder sobre toda população, por ser a proprietária de toda a terra referente à Vila de Arroio dos Ratos.
A última companhia proprietária começou a mudar o pensamento feudalista e vinculou o poder ao governo e seus governantes da época, desta forma a Vila Arroio dos Ratos se desenvolveu em termos de paisagismo urbanístico e saneamento, a luz era de ótima qualidade, mas o abastecimento de água ainda era precário. Neste momento surge a empresa de ônibus (Empresa Louzada) e uma linha telefônica, direto para Charqueadas pela Cia. Telefônica Rio Grandense de São Jerônimo.
O livro também apresenta o decreto lei nº2667 de 3 de outubro de 1940, onde regulamenta o aproveitamento e a comercialização do carvão nacional.
O hospital Sarmento leite foi o primeiro da região. Em 10 de junho de 1941os operários da mina de carvão organizaram uma associação beneficente para a criação de um hospital. Seu primeiro diretor presidente Dr. Roberto Cardoso doou esta casa para ali ser instalado o hospital, também disponibilizou o material cirúrgico e financiou a reforma do edifício e instalações. Com o auxílio de todos os membros da diretoria e de sua esposa, bem como das “irmãs de caridade”. O hospital foi fundado no dia 16 de agosto de 1942 com a participação da comunidade mineira e das autoridades, também representantes da família do saudoso Professor Dr. Sarmento Leite ( Professor de Medicina-anatomia-diretor obnegado por longos anos da Faculdade de Medicina de Porto Alegre).
Dr. Simch conta que o presidente eleito no período, Washington Luiz, veio às minas do Arroio dos Ratos para a inauguração do Poço III.
Ele também cita as enchentes mais significativas que houve na região, em especial a de 1936. As enchentes citadas são as de 1873, 1912,1928, 1936 e 1941. A de 1873 que atingiu 11 metros acima do nível do Rio Jacuí e a de 1936 alcançou 12 metros.
A enchente de 1936 foi a que ficou mais marcada, pois atingiu não só a sede do Município de São Jerônimo, como também as Minas do Arroio dos Ratos e a população a intitulou de “enchente de São Miguel”, em meio aos festejos no dia 29 de setembro a população é surpreendida por uma torrencial chuva e o Rio Jacuí começa a subir de pressa. No dia 30 de setembro, durante a madrugada a parte central (hoje) e ribeirinha estava toda imersa. Mas, o extremo desta enchente foi no distrito das Minas de Carvão do Arroio dos Ratos, uma calamidade! Atingiu parte de onde hoje é o Município de Arroio dos Ratos e cobrindo toda a mina de carvão (a maior do Brasil), mesmo com incansáveis tentativas de bloquear a força das águas, morreram cinco pessoas. Nesta tarefa de barrar as águas, todos se uniram, mas foi inútil, pois a força das águas era ultrapassava o peso das barreiras e derrubava tudo pela frente. O governo mandou um pouco de mantimentos e roupas para auxiliar os desabrigados.
A enchente de 1941, devido algumas medidas e ações tomadas após a enchente de 1936, não foi tão forte quanto a anterior em Arroio dos Ratos.

Referência Bibliográfica:
Sinch, D. A. (1943). Monografia de São Jerônimo (1ª única - três exemplares) ed.). Porto Alegre - São Jerônimo: Livraria Andradas.